Os candangos
É possível construir uma cidade de uma só vez? A resposta é sim, e Brasília é o nosso melhor exemplo. Em menos de cinco anos, a capital do Brasil foi erguida por milhares de trabalhadores, os chamados candangos, que vieram das diversas regiões do Brasil.
Em Um pau-de-arara para Brasília (Editora Biruta), de João Bosco Bezerra Bonfim e ilustrações de Alexandre Teles, os protagonistas do livro são justamente essas pessoas. Saídas em sua maioria da região nordeste, elas passaram por situações difíceis desde o momento em que saíram de suas casas.
A maioria veio com chamados “pau-de-arara”, um meio ilegal de transporte. Caminhões adaptados com bancos de madeira e cobertos com uma simples lona trouxeram 80 mil trabalhadores para o que viria a ser Brasília. Quando chegaram, encontraram uma rotina de regime ininterrupto de trabalho.
Os discursos políticos chamavam os candangos de heróis, mas ignoravam a situação de precariedade e más condições de vida na qual se encontravam. Apesar de terem ajudado na construção da cidade, os candangos recebiam um pagamento que era insuficiente para a compra de lotes e terrenos em Brasília.
Assim, quando a cidade ficou pronta, os trabalhadores acabaram permanecendo nas cidades vizinhas. As cidades satélites se formaram durante o período da construção, mas existem até hoje. Elas ainda sofrem de alguns problemas que permaneceram, como a falta de bons transportes e infraestrutura.
Os candangos não trouxeram apenas mão de obra para o Planalto, mas também foram responsáveis por trazer para Brasília diversos costumes e uma produção cultural gigantesca. Muitas lendas, músicas e contos orais, passados de geração em geração, eram originárias da terra natal dos candangos, mas sofreram algumas mudanças e adaptações com a sua chegada para a construção da cidade.
A figura do candango é tão importante para a memória da cidade que o artista Bruno Giorgi fez uma escultura homenageando os 80 mil trabalhadores que se empenharam para que Brasília existisse. Com oito metros de altura e inteira em bronze, ela pode ser visitada na Praça dos Três Poderes.
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