"Como escrevi 'A Copa do Mundo do Faz de Conta'", por Cesar Cardoso

Papeando -

"Como escrevi 'A Copa do Mundo do Faz de Conta'", por Cesar Cardoso

Você confiaria num mico-leão-preto que aparecesse falando, no meio da noite, no seu quarto, e te convidasse para ir a um lugar que não existe?

Bem, é assim que esse livro começa. Mas vamos por partes.

Quando houve a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, tive a ideia de escrever um livro que falasse de futebol e Copa. Conversei com Eny Maia, minha editora. Ela gostou e me animou a fazer o projeto. Primeiro pensei numa história em versos. Mas percebi que estava influenciado pelo meu último livro, Cadê a Escola que Estava Aqui?

A Copa não é o maior campeonato de futebol do mundo, mas é o que tem mais repercussão. E inventar histórias é o que nós, escritores, fazemos. De certa forma, vivemos num mundo do faz de conta. Juntando essas duas observações, cheguei ao título do livro: A Copa do Mundo do Faz de Conta. Normalmente, em meus livros, o título é uma das últimas coisas que eu crio. Dessa vez, foi uma das primeiras.

Muito bem: uma copa no Mundo do Faz de Conta. Mas quem vai assisti-la? O futebol é um espaço tradicionalmente masculino, no qual as mulheres vêm conquistando espaço. Por isso escolhi uma menina como personagem principal. E batizei-a com o nome de minha neta: Valentina. Era ela quem iria assistir a essa Copa.



Mas como? Viagem com a família? Excursão com a turma da escola? Hum, não. Melhor uma aventura. E assim surgiu o segundo personagem do livro: Américo (esse levou o nome do meu avô paterno, que me contava muitas histórias). Américo aparece no meio da noite, no quarto de Valentina e fala com ela. Isso não teria nada demais, não fosse ele um mico-leão-preto. É esse personagem meio impossível de existir e surpreendente que vai levar Valentina ao Mundo do Faz de Conta, um lugar surpreendente e meio impossível de existir. E para uma viagem que vai acontecer no meio da noite e dá medo de encarar, nada melhor do que um meio de transporte também assustador para levar a nossa dupla: um bonde caindo aos pedaços, que mais parece que vai desmontar e que não anda por cima de trilhos. Não. Ele voa a toda pelos céus, sacolejando e soltando parafusos.  

E é assim, enfrentando desafios e encarando os medos que surgem, que Valentina é levada por Américo para assistir à partida final da Copa do Mundo do Faz de Conta.  

Uma decisão de Copa. Brasil x Alemanha? Itália x Holanda? Bem, essa é um pouco diferente: Castelândia do Sul x República Boiante dos Piratas. É que os países do Mundo do Faz de Conta são um pouco diferentes. Além desses dois, temos a Floresta Amazônica Encantada, a Ilha do Tesouro Muito Valioso Mesmo, o Fundo do Fundo do Mar e a Terra das Mil e Uma  Noites  de Sono. Valentina, Américo e os leitores e as leitoras do livro vão conhecer cada um desses países e suas histórias, assim como suas seleções. E também vão descobrir a lenda sobre a criação do futebol no Mundo do Faz de Conta, com os bichos e o bicho-homem tendo que enfrentar o Deus do Vento٭.
 
Valentina e Américo também acompanham as reportagens sobre todos os jogos da Copa e seus craques, como Rapunzel, Capitão Gancho, Bela Adormecida, Mula Sem Cabeça, Saci Pererê, o Gato de Botas, os Três Mosqueteiros e muitos outros, saídos dos contos de fada, de livros clássicos e do nosso folclore. Até chegarem à grande final: Castelândia do Sul x República Boiante dos Piratas. E o grande mistério que a envolve. Que eu não vou contar agora para não dar spoiler, não é? Mas acho que você vai gostar de descobrir, lendo A Copa do Mundo do Faz de Conta.٭

Cesar Cardoso

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 Procurei mostrar aqui os caminhos com que construí essa história. E, para finalizar, quero agradecer os diálogos com Carol Maluf, a coordenadora editorial da Biruta, que me ajudaram a pensar e a enriquecer essa narrativa.


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