"Um lençol de infinitos fios", de Susana Ventura, na sala de aula!

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"Um lençol de infinitos fios", de Susana Ventura, na sala de aula!

Sala de Aula é a seção do nosso site onde compartilhamos sugestões, atividades, dicas e etc., de como nossos livros podem ser trabalhados na escola ou em outros espaços. Essas sugestões são apenas um ponto de partida: afinal, o livro literário permite inúmeras interpretações, explorações e extrapolações, um sem-fim de maneiras de trabalhá-lo. Ah, quer compartilhar conosco alguma atividade que realizou com um de nossos livros? Vamos adorar saber! Nos envie um e-mail. :)

 

"Um lençol de infinitos fios" é lançamento por aqui. :)

De autoria de Susana Ventura, a trama é riquíssima em referências e permite que os leitores explorem suas diversas facetas. 

SOBRE A HISTÓRIA

Um lençol de infinitos fios, de Susana Ventura, conta a história de duas meninas, Maria e Ludmi, duas imigrantes vivendo na cidade de São Paulo nos dias atuais.

A narrativa é construída a partir de diferentes perspectivas: por meio da narração em primeira pessoa, de Maria e de Ludmi, e também de um narrador em terceira pessoa, onisciente. Os diferentes narradores se intercalam. Além disso, o texto traz recortes de notícias de jornal e de portais da internet, carta e post de redes sociais, elementos que enriquecem a narrativa.

Haitiana, Ludmi sofreu com o terremoto que atingiu seu país, em 2010, destruiu sua terra e matou amigos e familiares. Vem ao Brasil, sozinha, em busca de seu pai e de uma nova vida.

Maria nasceu na Bolívia e chegou pequena ao Brasil, com sua família. Estuda em uma escola em São Paulo e está, junto com alguns amigos – também de diferentes origens –, desenvolvendo um trabalho escolar para a disciplina de Geografia, que será apresentado no Dia da Imigração (uma comemoração criada pela escola).

Ambas as personagens frequentam a Biblioteca Mário de Andrade, no Centro da cidade, e é ali que se conhecem e que suas histórias se cruzam.

O projeto gráfico desta obra é bastante importante para sua compreensão e fluidez. Está intrinsecamente ligado à história: cores diferentes para narrador em primeira e terceira pessoa. As narrações de Ludmi e Maria, além de se diferenciarem pelo título de suas respectivas partes, também se diferenciam pela forma – Maria escreve em seu caderno de escritora, pautado, e Ludmi,
em seu caderno de folhas brancas, aquele que usa para desenhar. Os excertos de notícias, a carta e o post de rede social também ganham formas próprias.

O cerne principal da obra é, certamente, o encontro das diferenças (ilustrada pelas diferentes nacionalidades das personagens), a busca pelas semelhanças, por pertencimento, a adaptação a novas situações e, especialmente, os aspectos que unem as personagens: a amizade e a solidariedade.
O título do livro nasce de uma expressão haitiana, reproduzida ao longo do texto por Ludmi, “meu vizinho é meu lençol”. Trata-se de uma expressão que denota a essência dessa narrativa.

SUGESTÕES

O livro é adequado aos alunos do Fundamental 2 - especialmente 6º e 7ºs anos, mas também 8º e 9º, a depender da fluidez de leitura e maturidade dos alunos.

Abaixo, algumas sugestões. :)

ANTES DA LEITURA

O(A) professor(a) pode ler para os alunos (ou pedir aos alunos que leiam individualmente) os textos de abertura, a sinopse constante na quarta capa e biografia da autora. 

A partir daí, pode-se levantar as seguintes questões para reflexão e discussão:

• O que o leitor espera do texto que vai ler? Qual será a relação do título desse livro com a imagem da capa? Como será que o título se relaciona com a história?
• Quem será o(a) narrador(a) dessa história? Será uma narração em primeira ou terceira pessoa? Terá mais de um narrador? Isso faz diferença em um texto literário? Por quê?
• Quando o livro foi escrito e publicado (nos tempos atuais?)? Como será que a autora se muniu de informações para criar as personagens do livro, de diferentes nacionalidades?
• Os estudantes conhecem pessoas que vieram de outros países? Algum estudante na classe nasceu em outro país? E seus pais ou avós? Algum veio de outra cidade/estado? Como foi/está sendo a adaptação na escola?

DEPOIS DA LEITURA

(A) Propor a pesquisa e leitura/contação de contos tradicionais de outros países, cidades, regiões e de elementos culturais.

Assim como Maria, Jun, Juan e Manoela fazem em suas visitas às bibliotecas da cidade, pode-se propor aos estudantes que pesquisem contos, lendas e causos de outros países latino-americanos, de outras regiões do país. Pode-se pesquisar na internet, na biblioteca da escola, da cidade, e conversar com parentes mais velhos. Os alunos podem ser divididos em grupos para a pesquisa. Depois, podem compartilhar suas descobertas com a classe e fazer uma contação de histórias, por exemplo.

(B) Identificar e contextualizar as vozes narradoras da história, diferenciar os tipos de narração e propor redação de texto a partir do ponto de vista de outro narrador.

Em Um lençol de infinitos fios, os narradores são muito importantes para a construção da narrativa.
São três narradores principais: Maria, narradora-personagem (narradora em  primeira pessoa), Ludmi, narradora-personagem (narradora em primeira pessoa) e o narrador onisciente em terceira pessoa. Além disso, o texto faz uso de diferentes recursos narrativos, como excertos de notícias (impressa e da internet), carta e post de rede social.

Identificar as diferentes vozes é importante para a compreensão do texto, assim como para a fluidez da leitura.
Proponha as seguintes reflexões:
• Quem são os narradores desta história? Qual seu papel na construção do texto?
• Qual a posição de cada narrador em relação à história (central? Periférica?)?
• De que forma cada narrador conta a história (pensamentos? Percepções? Sentimentos? Ações? Falas de personagens? Cartas?)? Diferenciar narrador em primeira e terceira pessoa.
• Como cada narrador se posiciona em relação ao leitor (próximo? Distante?)? Diferenciar narrador em primeira e terceira pessoa.
• Como a construção do texto e o projeto gráfico do livro, juntos, auxiliam na diferenciação e compreensão das diferentes vozes narradoras? As cores da fonte são diferentes para os diferentes narradores?


Proponha a seguinte atividade de produção de texto e leitura:

• Peça aos estudantes para escolherem um capítulo da história que esteja narrado em terceira pessoa (por exemplo, o capítulo Missa na Igreja Nossa Senhora da Paz ou Biblioteca Mário de Andrade). A seguir, eles podem reescrevê-la sob a perspectiva de outro narrador, em primeira pessoa (Ludmi ou Maria, ou ainda Juan ou Jun).

• Os estudantes podem reunir-se em pequenos grupos e trocar entre si suas redações para leitura. Podem também ler os textos produzidos em voz alta, uns para os outros – o exercício de oralidade é interessante, pois os alunos podem tentar identificar o novo narrador pela entonação da leitura, pela linguagem do texto, pelos tempos verbais empregados etc. Podem, então, trocar impressões sobre essas novas perspectivas da história e como os acontecimentos, sensações e emoções são distintos e se transformam quando a voz narradora é outra.

(C) Explorar a história dos países latino-americanos

O(a) professor(a) poderá explorar com a classe a predominância do espanhol na maior parte dos países da América Latina, do francês no Haiti e do português no Brasil.
Estas línguas são de domínio dos espanhóis, franceses e portugueses que invadiram esses países e impuseram sua linguagem e consequentemente valores e cultura. Que línguas até então eram faladas pelos nativos destas terras. Elas subsistem?
O Brasil, considerando sua dimensão, abrigava povos de diferentes etnias e que falavam diferentes línguas. Estas línguas são faladas até hoje?
O estudo da colonização desses países, da formação de seus territórios, da exploração de suas riquezas aponta o surgimento de sentimentos nacionalistas que culminaram com a independência de todos.
Será interessante pesquisar como se deu a independência de cada país. O Haiti foi o primeiro a se libertar em 1804. Como aconteceu? Houve luta armada, acordos, envolvimento dos próprios colonizadores?

(D) Música nos países

Sugerimos ao professor que retome com os alunos o trecho da página
74 de Um lençol de infinitos fios:

“Jun e Manoela cuidaram de selecionar trechos de
músicas e vídeos legais do YouTube (...)”
(página 74)

Para iniciar um trabalho de pesquisa, é importante saber o que os alunos já conhecem, perguntando: vocês conhecem músicas dos países citados na obra? E contos? Vocês acham que conhecer as músicas e os contos de um determinado país facilita a compreensão sobre seu povo? Por quê?

Selecionamos quatro países para iniciar um estudo sobre a música típica de cada um deles: Argentina, Bolívia, Brasil e Haiti.

Algumas possibilidades:

• O Haiti é o único entre os citados no livro que está localizado na América Central, no Caribe. Seu território, na ilha Hispaniola, está dividido com outro país, a Costa Rica. Foi o primeiro país da América Latina a proclamar sua independência, em 1804. Foi colônia da França e recebeu muitos
escravos africanos. O link (clique aqui) apresenta a música típica do país, o merengue. Segundo os estudiosos, tem raízes africanas.

• O ritmo vodu se assemelha ao Candomblé, uma manifestação religiosa brasileira que também tem origem africana. Que instrumentos e ritmos predominam no merengue (estilo musical popular no Haiti)? Professor(a), é interessante orientar uma pesquisa para que os estudantes entendam melhor o que é o ritmo vodu.


• O link a seguir (clique aqui) apresenta canções da Bolívia. Observem os sons e os instrumentos usados. Quais vocês conhecem e quais não conhecem? Neste vídeo, vocês encontram as vestimentas típicas, os ponchos muito coloridos e bordados à mão, as paisagens e os exemplares da fauna.

• Sugere-se uma pesquisa sobre as músicas e danças de diferentes países da América do Sul que são atravessados pela Cordilheira dos Andes. É interessante comparar essas músicas com a brasileira, o samba. O que é semelhante e diferente? Ritmo? Instrumentos? Origem?
Em que elementos a música tradicional argentina se difere das músicas brasileira e boliviana? (clique aqui)
Que instrumentos são utilizados? O que vocês observam quanto ao ritmo, a instrumentos, origens? Que música é essa? Tango? Qual a sua origem?

• O samba e o tango foram detratados como música e dança próprios das camadas pobres da população. O samba tem suas origens nas danças, lutas e cantos africanos predominantemente. O vídeo selecionado (clique aqui) apresenta uma roda de samba em que as participantes são, em sua maioria, mulheres. O tango tem origem nas músicas europeias que chegaram ao país com os imigrantes (clique aqui).
O samba e o tango foram considerados no século XXI como Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela Unesco.

A pesquisa poderá se estender a outros aspectos da cultura desses países e orientar uma apresentação para as outras turmas das mesmas séries.

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Quer compartilhar conosco alguma experiência desenvolvida com base no livro? Vamos adorar saber!

 


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